Radar do Ceará

Mais uma reflexão sobre a violência no Ceará

Essa foi mais uma semana de fatos graves e preocupantes na área da segurança pública, alguns muito simbólicos do momento de adinamia e desídia que marcam a posição do Governo do Estado frente a esse gravíssimo desafio. O primeiro foi a fala desastrada e infeliz do Secretário de Segurança, considerando “razoável” o número de homicídios no Estado do Ceará, no exato momento em que os crimes contra a vida crescem de maneira perversa e dolorosa para o nosso povo.

Um sinal da falta de humildade e sensibilidade da autoridade da segurança pública para o enfrentamento concreto e eficiente a um problema tão complexo quanto esse. O segundo, a cerimônia cheia de pompa, autoridades, câmeras e cobertura, com a presença do próprio governador, para anunciar a devolução de cerca de 300 celulares roubados aqui no Ceará. Bom registrar que, ao mesmo tempo, estavam disponíveis os dados oficiais de mais de 9.000 assaltos registrados (além dos outros tantos que não fizeram BO), só em Fortaleza. Infelizmente, torna-se risível!

Pura estratégia diversionista de comunicação para distrair a atenção tirando-a do centro do problema. Terceiro, o assalto a dois policias militares em Cascavel que tiveram suas armas roubadas e ainda foram torturados. Quando até os agentes de segurança pública são vítimas do crime organizado, é porque o descontrole e o poder do crime já ultrapassou a capacidade de reposta do Governo do Estado e de suas instituições policiais.

Há um claro desânimo, falta de motivação e sentimento de falta de proteção por parte dos nossos bons policiais militares e civis. Esses fatos só reforçam a justa percepção das nossas comunidades cearenses de que estão “entregues” ao comando e ao domínio do crime organizado, aqui no Ceará. Todas as regiões do Estado estão sendo vítimas da barbárie. E impressiona a falta de indignação, reação e poder de inovação do Governo do Estado frente a isso!

É fundamental que a nossa Imprensa, o Ministério Público, o Parlamento estadual, o setor produtivo, os movimentos sociais e comunitários e as demais instâncias da sociedade civil organizada se articulem para cobrar, de forma mais contundente, um novo posicionamento por parte do Governo do Ceará. A omissão do governamental nesse caso, não é apenas eticamente inadmissível, mas também acaba por promover um perigoso ambiente de convívio permissivo e conformado com o crime aqui no nosso querido Ceará!

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