Roberto Cláudio

Indústria em queda no Ceará

 

 

Falo esta semana sobre o setor da Indústria, importantíssimo para a economia cearense que teve a pior performance durante o ano de 2023, dentre todos os estados brasileiros comparados.

Segundo o IBGE, a nossa indústria cearense caiu 4,9% no ano passado, o pior indicador de performance em todo o País. Isso representa o fechamento de fábricas ou a redução da sua produção, a desmobilização de empregos nos municípios, a redução das nossas exportações e importações, mais retrocesso tecnológico na nossa economia e a perda de competitividade econômica global para o Estado do Ceará.

A industrialização do Ceará, especialmente a do interior do Estado, foi buscada obsessivamente por um conjunto de governos que, no passado, entenderam que sem industrialização não haveria perspectiva de desenvolvimento econômico sustentável para o Ceará. Isso possibilitou, inclusive, o fortalecimento de outras atividades produtivas, como a agricultura, o comércio e o setor de serviços em algumas regiões do Estado.

A busca pela produção, geração e transmissão de energia, por novos reservatórios de água e melhor gestão de nossos recursos hídricos, pela descentralização de nossas universidades, pela viabilização do Porto do Pecem e por uma política de incentivos fiscais e outros estímulos governamentais viabilizaram um novo ciclo fundamental de industrialização no Ceará, notadamente na década de 90. Muitas novas empresas nacionais e internacionais se estabeleceram no Interior do Ceará, modificando a realidade da economia local e de oportunidades para os nossos conterrâneos do sertão cearense. A gente poderia pensar, por exemplo, o que seria da economia e do desenvolvimento de municípios como Sobral, Quixeramobim, Pacajus e Horizonte sem os seus respectivos parques industriais.

Essa mesma realidade aplica-se a muitos outros municípios do Interior que tiveram nos empregos geradas por indústrias, de portes distintos, um caminho para dar autonomia e possibilidade de uma nova história a muitas famílias de cearenses, a despeito dos enormes desafios geográficos do Ceará. O nosso Estado não teve os benefícios de grandes investimentos em infraestrutura e de viabilização de indústrias de base num passado mais remoto, além de ter que conviver com os desafios do clima e do solo.

Por essas mesmas razões temos um desafio a mais para garantir a atração e a permanência de indústrias em nosso território: a distância dos locais onde há maior disponibilidade de matéria prima para se produzir e, principalmente, a distância dos grandes centros consumidores dos produtos industriais no País. A grande diferença, aqui no Estado do Ceará, foi um ciclo de governantes e gestores públicos com conhecimento da realidade local, da economia brasileira e da economia internacional, com visão moderna e desenvolvimentista, com capacidade administrativa e, principalmente, vontade política para fazer do Ceará um local para se realizar sonhos que pareciam distantes e improváveis.

Estamos precisando, como em poucos momentos na nossa história recente do Ceará, de um outro “banho iluminista” que possa ser marcado por liderança, arrojo e competência para enfrentar os desafios atuais, como o da indústria, para não perdermos ainda mais espaço nessa corrida pelo progresso e para termos mais oportunidades para a nossa gente. No caso da indústria, um fator a mais agravará, muito em breve, a realidade cearense: o advento da nova reforma tributária que coloca “em cheque” o modelo atual de incentivos fiscais que conseguiu compensar, parcialmente, as enormes diferenças de ambiente de produção entre os estados brasileiros!

Se a vontade política, o genuíno amor ao Ceará e a firme defesa dos nossos interesses regionais foram as forças catalisadoras da concretização do último ciclo de industrialização do Ceará e de consolidação de projetos estruturantes para o Estado, estamos mais do que nunca precisando desse tipo de “apetite”, disposição a ambição em torno dos nossos sonhos, para não perdermos de vez, aqui no Ceará, o “trem da história”.

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